domingo, 12 de outubro de 2014

Usina de Três Marias, no Rio São Francisco, deve parar de gerar energia

Domingo, 12 de× Outubro de 2014

por Alexa Salomão, enviada especial | Estadão Conteúdo

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Foto: Divulgação/ Cemig

A seca que castiga o Sudeste e o Nordeste está próxima de fazer uma grande vítima no setor elétrico. A usina de× Marias, construída no leito do rio× Francisco, em Minas Gerais, pode parar de gerar energia no fim de outubro ou início de novembro.
Hoje ela opera com apenas duas das sete turbinas. Com capacidade total de 396 megawatts/hora (MWh) e responsável por quase um terço de toda a geração de energia do São Francisco, Três Marias tem em sua barragem apenas 4,5% do seu volume de água. Trata-se do nível mais crítico desde a inauguração, em 1962. A água da represa baixou tanto que hoje é possível caminhar em parte do fundo da barragem, onde o cenário é de árida desolação. Onde antes os turistas se reuniam para avistar o "mar doce", como alguns chamam× Marias, não há uma gota dágua. O pier flutuante que ficava na margem está encalhado na poeira, longe da costa, rumo ao que deveria ser o fundo da água. A longa cerca erguida para isolar a usina, antes oculta sob as águas, emergiu totalmente e agora tem fim. O risco de paralisação da× Usina de Três Marias foi mencionado num documento divulgado pelo×Comitê da Bacia Hidrográfica do× Francisco, entidade que monitora toda a região influenciada pelo rio. De acordo com a entidade,× Marias tende a atingir no final de outubro, mais tardar no início de novembro, o "volume zero", ou "volume morto", como se convencionou falar. "A represa ainda terá água, mas numa quantidade insuficiente para gerar energia", explica× Pedrosa, coordenador do comitê responsável pelo Alto São Francisco, o trecho que corta o Estado de Minas Gerais a partir da nascente. Segundo Tadeu, o problema ocorre porque hoje a barragem, que funciona como uma caixa dágua, despeja rio abaixo muito mais água do que recebe do rio acima. Como a seca castiga o São Francisco desde a nascente, pouco mais de 30 metros cúbicos por segundo (m³/s) entram em× Mariasatualmente, mas na outra ponta estão sendo liberados cerca de 150 m³/s. A Cemig, empresa que tem a concessão da usina de× Marias até 2015, foi reduzindo a geração ao longo do ano, desligando uma turbina de cada vez, à medida que a seca restringia a água. A falta de× Mariassobrecarrega o sistema elétrico e precisa ser coberta por outras usinas hidrelétricas, térmicas e eólicas. No entanto, a produção hoje é tão pequena, que já não é considerada fundamental no atual estágio da seca. "A Cemig acredita que pode manter a geração com a água próxima de zero, mas deixou se ser relevante se× Marias vai ou não gerar energia porque ela está produzindo muito pouco", diz× Chipp, diretor geral do× Nacional do Sistema, o ONS, responsável pela gestão da energia no× Brasil. "Operamos a usina pensando nos demais usuários e usinas que dependem da água rio abaixo". Depois de Três Marias, o rio× Franciscocontinua seu curso pelo× Norte de Minas e por outros seis× Estados, abastecendo a agropecuária e a população de mais de 400 municípios, bem como outras cinco hidrelétricas, incluindo as de× Xingó, entre Alagoas e Sergipe, o complexo de Paulo Afonso e a usina de×Sobradinho, na Bahia, essenciais ao abastecimento de energia do× Brasil. O ONS defende reter um volume maior de água na barragem neste momento para que possa ter instrumentos para manter o abastecimento rio abaixo nas próximas semanas. "Para o setor elétrico, o importante é monitorar a água de× Marias para garantir que× Sobradinho chegue a final de novembro com 15%", diz× Chipp. Hoje, o reservatório da usina baiana tem 27,5% de água. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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